segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O que tinha no acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro e que foi consumido pelo fogo

Este texto é um texto publicado originalmente no site BBCBrasil.com.br e escrito por Júlia Dias Carneiro e Leandro Machado.


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[Museu Nacional do Rio de Janeiro pegou fogo na noite deste domingo]

O acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que foi consumido por um incêndio na noite desde domingo, tinha um dos maiores acervos históricos do país - com cerca de 20 milhões de peças. A instituição foi criada há 200 anos, no dia 6 de agosto de 1818, pelo imperador Dom Pedro I. A instituição, que fica no parque Quinta da Boa Vista, é o mais antigo museu do país.

Atualmente, ele era administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, por ser universitário, tinha caráter acadêmico e científico.

Entre os itens provavelmente destruídos pelo fogo está o fóssil mais antigo encontrado no Brasil, achado em 1974 e batizado de Luzia. Nas coleções de paleontogia, havia o Maxakalisaurus topai, dinossauro encontrado em Minas Gerais, o primeiro de grande porte a ser montado no Brasil.

O acervo de etnologia tinha artefatos da cultura indígena, como objetos raros do povo Tikuna, e afro-brasileira, além de itens de culturas do Pacífico.

Outros destaques eram uma coleção de objetos de arte greco-romanos e de artefatos egípcios, como múmias e sarcógafos. O primeiro colaborador dessa área foi justamente Dom Pedro I, que deu parte de seu acervo ao museu.

[O museu tinha objetos egípcios, como múmias e sarcófogos]

Outro item histórico era meteorito Benderó, encontrado em 1794 em Monte Santo (BA). Ele estava na instituição desde 1888.

Outra raridade era o trono do rei africano Adandozan (1718-1818), doado pelos embaixadores do rei ao príncipe regente D. João VI, em 1811.

Segundo pesquisa da historiadora Heloísa Bertol Domingues, o museu foi concebido nos moldes de instituições europeias. Na época da inauguração, quando o local ainda se chamava "Museu Real, Dom Pedro I escreveu que o objetivo era "propagar os conhecimentos e estudos das ciências naturais no Reino do Brasil".

Para a doutora em antropologia Alba Zaluar, que estudou no museu, o incêndio é "uma imensa tragédia para o Brasil e para o mundo".

[Segundo comandante dos Bombeiros, membros da Corporação tiveram dificuldade para encontrar água para combater o fogo]

"O acervo do Museu Nacional é uma coisa única no Brasil, não tinha nada igual no país", diz à BBC News Brasil. "O prédio foi residência da família real. Tinha uma biblioteca da área de antropologia era importantíssima. Estamos arrasados."

A reportagem da BBC News Brasil esteve no local na noite deste domingo. Em meio a um cenário de desespero, cidadãos ofereciam ajudam aos bombeiros para tentar controlar o fogo. Por volta das 23h20, o incêndio ainda não estava controlado.

Segundo o coronel Roberto Bobadey, comandante-geral do Corpo de Bombeiros, membros da Corporação tiveram problemas para encontrar água em hidrantes da região. "Os dois hidrantes mais próximos estavam sem carga. Estamos usando o lago da Quinta da Boa Vista e de carros pipa", disse.

O coronel também afirmou que o prédio não tinha alvará dos bombeiros para funcionar.

*Com reportagem de Júlia Dias Carneiro e Leandro Machado.



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Quem isto ouvir e contar em pedra se há de tornar...